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o nosso espaço e o nosso jeito

O Vilarejo não foi construído para você ou para o(a) seu(sua) filho(a). Mas sim, ele é, diariamente, naturalmente e de forma interativa, construído pelo(a) seu(sua) filho(a). Desenvolvendo assim, vínculo, pertencimento e protagonismo.

Não se trata de uma escola pronta e acabada, toda emborrachada, esterilizada, climatizada e livre de qualquer risco. Mas garanto ser um espaço que foi e é, amorosamente e responsavelmente, pensado para que seu(sua) filho(a) aprenda a interagir, ser, estar e viver no mundo real, de forma tranquila, segura, prazerosa e muito rica.

 

Funcionamos em uma casa, isso mesmo. A intenção é oferecer um ambiente mais afetivo, acolhedor e familiar às crianças, para facilitar a transição e a adaptação à um novo lugar e à uma nova rotina, na qual ela terá que passar tanto tempo fora de sua própria casa, longe da família e dos primeiros cuidadores.

 

Alerta! A nossa casa possui um enorme quintal e nele há perigos! Bichos! Formigas, lagartas, calangos, mariposas e corujas. Borboletas e joaninhas, tem também. O terreno é irregular, com descidas e subidas de grama, terra, areia e tem pedrinhas por todo lado. As crianças se sujam brincando livres, experimentando e aprendendo, na prática, através da própria vivência, que só se corre depois de andar, que se cair é só levantar, que joelho ralado dói e arde, que água com terra vira lama, mas que se colocar grama pode virar comidinha. Aprendem que não se pode levar tudo à boca, inclusive as formigas e as pedrinhas. Também, que têm que ter cuidado consigo mesmo, com o outro e com a natureza. Por fim, sentem pulsando em si, que a infância pode ter muita beleza e que a maior delas, é vivê-la.  

 

Não eliminamos os “perigos”, ensinamos os(as) pequenos(as) a lidarem com eles.

 

Muitas vezes as crianças choram. Quando se machucam, ficam tristes, cansadas ou sentem saudades, elas podem chorar. E não tem essa de: “não precisa, que besteira, já passou”. Tem essa de: “vem cá, eu te ajudo, vamos cuidar, vai melhorar, vai passar.” Aqui as crianças são acolhidas, amparadas, cuidadas e até mesmo mimadas, quando necessário. Depois do mimo, do colo e do aconchego, elas sempre voltam a brincar.  

 

Aqui nós abraçamos, beijamos, fazemos cosquinha e aviãozinho. Nós limpamos o xixi, o cocô, trocamos a fralda, damos comida, colocamos para dormir, na cama, no carrinho ou no colo, dando mil voltas ao redor da casa, se preciso for. Tudo com muito carinho. 

 

Não temos laboratório de informática, tablet, sala de vídeo, auditório, nem aulas de inglês. Mas cantamos e contamos tantas histórias... de livros, de memória e de vida. Conversamos com as crianças o tempo in-tei-ri-nho. Em português mesmo.  

 

E sabe o que temos? Área verde com: casinha, escorregador, pontes, tanques de areia, balanços, escalada e uma maravilhosa agrofloresta, na qual as crianças passeiam, plantam, colhem, cheiram e comem, explorando todos os sentidos.  

 

Temos composteira, sucata, embalagens, caixas e tampinhas. Bolas, bambolês, velotróis, regadores, baldes e pazinhas. Tinta, rolinhos, pincéis e massinha. Bicicleta, ferramentas, carro, carrinho e carrão. Livros, fantoches, fantasias, coroas e chapéu. Ufa! Para tantas possibilidades, haja criatividade! O limite vai além do céu!  

 

E também temos comida gostosa, orgânica e com preparo especial. Lanche, almoço e jantar. As crianças podem usar as mãos para pegar, sentir e explorar, por dentro e por fora, as texturas, cores, cheiros e sabores. Assim, ampliam o seu paladar. 

 

Aqui, como em todo lugar, temos regras, horários e rotina, porque é importante para as crianças e não porque temos que controlar. Não emudecemos os(as) pequenos(as). Eles podem e devem falar. Não ficamos pedindo silêncio, mas ensinamos os momentos nos quais é respeitoso e necessário escutar. Não pedimos para as crianças ficarem quietas, sentadas na cadeira ou na roda com “perninha de índio”, deixamos elas se movimentarem, brincarem, extravasarem e gastarem energia. Mas ensinamos, em um movimento de dentro para fora, os momentos nos quais é melhor ou preciso, parar, respirar e se aquietar. 

 

Aqui, não somos os donos da verdade, falamos, ouvimos, trocamos, aprendemos e ensinamos. As crianças falam, questionam, sugerem e criam, não copiam.  

 

Á partir dos interesses delas, investimos e impulsionamos os aprendizados. Se elas observam algo, nós as observamos. Quando elas perguntam, incentivamos e ajudamos a procurarem as respostas. Elas vivenciam experiências incríveis, criam hipóteses e desenvolvem competências e habilidades, todos os dias.

 

Ah! Vale muito dizer, também, que aqui pai e mãe nunca incomodam, são todos(as) muito bem-vindos(as), tem livre acesso, a qualquer hora, ao espaço, a mim e aos demais educadores. Suas angustias, ideias, dúvidas, queixas e sugestões são importantes demais para nós, por que são importantes demais para que a nossa parceria na educação dos(as)seus(suas) filhos(as), dê certo. E assim, acredite, compartilhando tudo isso, dá mais certo.

 

Isso é o Vilarejo. Ao mesmo tempo, um sonho e uma realidade, que vivo e na qual acredito, novamente, todos os dias quando acordo. Pois acredito em: amor, respeito e empatia. Em olhar sensível, visão holística e desenvolvimento integral. Também acredito no brincar livre como propulsor, inigualável, de aprendizado. E, sobretudo, acredito no poder da educação, da dedicação e da luta por um mundo melhor.

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